Voltei a Assis. Volto sempre que posso, pois a cidade de S. Francisco e S. Clara é inspiradora, ali se respira uma ecologia integral que injeta novos ares nos pulmões e carrega todas as baterias da Espiritualidade e da fraternidade universal.
Claro que só regresso a Assis quando tenho pretextos sérios. Desta vez, o ‘empurrão’ foi dado pelos meus 20 confrades Espiritanos que, no decurso do ano passado, foram eleitos ou nomeados Superiores Maiores das Circunscrições onde vivem e trabalham. Vieram dos quatro cantos do planeta. Liderar e animar tornaram-se as dimensões mais desafiantes e exigentes da sua Missão hoje. E, por isso, viajaram até a Roma para um encontro de formação sobre liderança, mas também para uma injeção de Espiritualidade e de Fraternidade, como família missionária que somos.
‘Peregrinar’ a Assis tornou-se ponto intocável do programa deste Encontro Anual e, por mais vezes que eu suba àquela colina santa, venho sempre de lá mais fortalecido na vontade de anunciar e viver o Evangelho de Cristo, com a radicalidade, alegria, fé e fraternidade que marcaram os compromissos missionários de São Francisco e Santa Clara.
O autocarro parecia carregar o mundo inteiro, tal a diversidade de rostos e a musicalidade plural das línguas que lá dentro se escutavam. Duas horas de viagem passaram em poucos minutos, assim pareceu a todos quando fomos convidados a olhar em frente ver a bela Assis a trepar pelo monte.
Momentos altos desta Peregrinação foram a Missa celebrada numa das Capelas do Convento de S. Francisco e a visita guiada à Basílica. Quem nos acompanhou foi um jovem franciscano do Quénia que, com muita sabedoria e comoção, nos foi explicando as pinturas mais importantes que enchem de cultura e fé as paredes e os tectos. Paramos para ver com os nossos olhos aquela que foi a primeira Regra de Vida Franciscana, escrita pelo fundador em 1323, ou seja, há precisamente 800 anos! Terminamos na cripta onde está o túmulo do Santo, onde cantamos – a cortar um silêncio profundo – um Salve Regina emocionado.
Regressamos a Roma mais inspirados e fortalecidos por esta onda de fé, fraternidade e ecologia integral que tem de marcar as vidas e missões de todos.
Quinze dias depois de Assis, ‘peregrinei’ a Spoleto, cidade Património da Humanidade. A companhia e os objetivos eram diferentes: fui com o Conselho Geral dos Espiritanos para uma semana de Retiro Espiritual. Esta antiquíssima cidade italiana, situada a cerca de 130 kms de Roma e a 45 de Assis, tornou-se ainda mais famosa porque, naquele longínquo século XIII, foi palco de uma das canonizações mais rápidas da História da Igreja: o franciscano António foi elevado aos altares pelo Papa Gregório IX, a 30 de maio de 1232. Recordemo-nos que o António de Lisboa e Pádua tinha falecido nesta cidade do norte de Itália a 13 de junho do ano anterior! A Catedral de Spoleto vive o Jubileu dos 825 anos da sua dedicação.