RNA – Estamos justamente no Terminal Oceânico da Barra do Dande. O projecto, ao que tudo indica, será entregue em 2024. Como é que avalia a execução física desta obra e também que mais-valia vai trazer para o nosso país e também para África?
PR – O nível de execução física é satisfatório, se tivermos em conta que a obra retomou apenas em 2021 e termina, em princípio, já dentro de um ano, quase exactamente dentro de um ano. Estamos a pensar, se calhar, inaugurar em Novembro do próximo ano, por ser o mês da Independência, embora, pelas indicações que recebemos, é de que a obra em si termine muito antes do mês de Novembro do próximo ano. Há dois grandes projectos estratégicos do sector dos petróleos que, lamentavelmente, antes de 2017 foram simplesmente abandonados. Estou a referir-me a este, o Terminal Oceânico da Barra do Dande, e à grande Refinaria do Lobito. Qualquer um deles é projecto de grande importância estratégica para o país. Porque hoje se fala de segurança energética e, para se ter segurança energética, é preciso ter a garantia de produção de energia, por um lado, e ter uma grande capacidade de stockagem de combustíveis. Portanto, decidimos em 2018 retomar este projecto. Depois da decisão, ainda tivemos que aguardar quase três anos. A decisão foi tomada em 2018 mas, efectivamente, esta obra aqui teve início em 2021. Em relação à Refinaria do Lobito, levou mais tempo, mas também a decisão está tomada e, não só a decisão… efectivamente, já se retomaram os trabalhos de continuidade para a conclusão da refinaria.
REDE GIRASSOL – Agora que termina a visita, Senhor Presidente, pergunto: primeiro, com que impressão é que fica, depois de receber explicações sobre o andamento deste projecto?
A segunda pergunta é: do ponto de vista de exportação e distribuição de derivados de petróleo a nível do país e da nossa região da SADC, qual deverá ser o impacto desta importante infra-estrutura?
PR- Esta importante infra-estrutura vai contribuir, com certeza, para a exportação de derivados do petróleo. A nossa política é exportar, de preferência, produtos refinados e não petróleo bruto. Esta infra-estrutura surge, precisamente, não apenas para assegurar, digamos, que não faltem produtos refinados para o consumo interno, para consumo do país, como também para termos maior oferta de produtos refinados para exportação. Por isso é que, ao falar deste projecto, não deixo de falar da Refinaria do Lobito, porque uma produz e outra faz a stockagem. A Refinaria do Lobito e outras refinarias de menor dimensão que o país, felizmente acordou e está a construir… Porque é incompreensível que um país como o nosso, que é o segundo maior produtor de petróleo a sul do Sahara, depois da Nigéria, que tivesse apenas a velha Refinaria de Luanda, como única unidade de refinação. Em boa hora tomámos a decisão de criar capacidade para refinar uma boa parte do crude que nós exploramos. Vai surgir a Refinaria de Cabinda, por coincidência também no final do próximo ano. Mais ou menos na altura em que estaremos a inaugurar esta unidade aqui, estaremos também a inaugurar a Refinaria de Cabinda, acredito que para Dezembro do próximo ano. A Refinaria do Soyo, por razões de diversa ordem, não iniciou ainda os seus trabalhos de construção, mas vão a qualquer momento arrancar. E a Refinaria do Lobito que já retomámos, conforme disse. E caso não tenhamos constrangimentos de ordem orçamental, o que está por se fazer é algo que se faz em cerca de três anos.Vamos trabalhar no sentido de que, do ponto de vista orçamental, não faltem recursos para a conclusão daquela grande obra. Fizemos a ampliação e modernização da outrora velha Refinaria de Luanda. Tivemos algum ganho, mas, bem espremida, deu para o que é hoje e não dá para mais. Quadruplicámos a produção apenas de um produto refinado. Estou a referir-me à gasolina, mas o mesmo não podemos dizer em relação ao diesel, por exemplo.
TPA – O Senhor Presidente falava há instantes sobre a importância estratégica deste projecto para Angola e para os angolanos. Queremos saber, nesta altura, até porque é a Sonangol que está a salvaguardar a componente financeira deste projecto, se há dinheiro para que até Novembro do próximo ano, efectivamente, se possa distribuir combustível.
PR – Vocês gostam muito de saber se há dinheiro. Se há dinheiro para os hospitais, se há dinheiro…[risos]
Mas o dono da obra acabou de dizer: “vou entregar”. Até falou em Julho-Agosto do próximo ano. Se diz que vai entregar, é porque tem dinheiro. A não ser que eles consigam fazer um milagre de terminar a obra mesmo sem dinheiro. Mas assumiram o compromisso de entregar a obra. Fica descansado! Com dinheiro ou sem dinheiro, eles vão entregar. Mesmo que não haja dinheiro…Mas vamos partir do princípio que sim, que eles têm os recursos assegurados. Fonte: JA