Segunda-feira, Agosto 26, 2024

DOM CAMUTO: O CRISTÃO DEVE PROCURAR SANTIFICAR-SE, ATRAVÉS DA ESCUTA E MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS, ATRAVÉS DA PENITÊNCIA, ATRAVÉS DO JEJUM, ATRAVÉS DAS BOAS OBRAS DE CARIDADE.

Comprometemos-mos com Deus, comprometemos-mos com a companheira e o companheiro ,mas depois, na hora da verdade, lá vem o descompromisso, lá vem a traição.

Por: apostolado
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Somos convidados a acompanharmos o Senhor no Seu caminho de paixão, morte e ressurreição. Um caminho que parece conduzir ao fracasso. Assim percebemos na leitura da paixão do domingo passado, assim percebemos também neste texto do Evangelho de João de hoje, em que o Senhor acusa, ou diz a Pedro, aquilo que ele fará.

Certamente o próprio Pedro não esperava isso, trair o seu Senhor. Antes do galo cantar três vezes  tu me negarás. E aconteceu. No domingo ouvimos que o Senhor ficou sozinho, todos o abandonaram, todos fugiram. Até um deles terá fugido mesmo sem roupa, só para não ser apanhado pelos soldados.

Aqueles que caminharam com Jesus, que comiam com Jesus, que o escutavam, não tiveram coragem na hora da verdade, fugiram. Hoje o Senhor chama aqui a atenção a Pedro, que também o negará. Portanto, todos  na hora da verdade não estiveram com o Senhor.

E estes textos chamam-nos a atenção também. Porque podemos pensar que já sou batizado, sou padre, sou madre, já sou casado e pronto, basta. Não basta. Não basta. Precisamos rever constantemente a nossa vida, porque os nossos gestos, as nossas palavras, as nossas obras, podem constituir traições para o Senhor, podem levar-nos longe do Senhor.

Pedro caminhava com Jesus. Vemos sempre que Jesus vai para alguma atividade especial. Ele ia , mas é mesmo  este Pedro que o Senhor vai dizer, antes do galo cantar, Tu me negarás três vezes. E negou. E aconteceu. Podia Pedro ficar atento, controlar-se, para ver se aquilo não acontecesse? Aconteceu. Assim também acontece na nossa vida, as traições, os descompromissos.

Comprometemos-nos com Deus, comprometemos-nos com a  companheira e  o companheiro ,mas depois, na hora da verdade, lá vem o descompromisso, lá vem a traição.

Quantas traições na nossa vida. E a vários níveis. Não só a nível religioso, como estamos a tratar por estes dias, mas até a nível familiar. Nas famílias, quantas traições entre marido e mulher.

 Depois de tantas juras de amor, de fidelidade. E por um momento qualquer, por um momento de fraqueza, lá vem uma traição.

E sabemos a dor que provoca uma traição. Sabemos a revolta que provoca uma traição. E muitas vezes até leva à morte. A nível social, a mesma coisa. A nível político, também a mesma coisa. Muitas traições.

Hoje os povos africanos vivem frustrados. Porque têm a sensação de que os seus líderes os traíram, os enganaram. Trouxeram-nos a este caminho, atualmente de miséria, de desgraças, de conflitos.

Não se consegue levantar os  povos para caminhar dignamente rumo ao progresso, rumo ao desenvolvimento. Porque os líderes por aí simplesmente se aliaram aos antigos colonizadores. Tornaram-se fantoches dos colonizadores. Portanto, traíram o povo . E os povos sentem-se traídos.

Vamos vendo por aqui e acolá, em algumas sociedades africanas, os jovens a despertarem. A darem-se conta que o caminho que levam não é o caminho certo, não é o caminho justo.

Que os seus líderes são falsos. Então vão assumindo outros rumos. Para dizer que a traição está em todos os níveis, em todos os lados. Para em todos os lados.  Daí a necessidade de cada um de nós ficar atento para não ser um fator ou não ser um motivo de traição.

Para não trair os seus. Não trair o seu parceiro, a sua parceira. Não trair o seu amigo. Não trair o povo, no caso dos políticos. Não trair Cristo. No nosso caso, nós cristãos. Por meio das nossas ações, das nossas palavras. Não trairmos Cristo. Ficarmos atentos. Pedro não ficou atento. Caiu  traiu o Senhor negou o Senhor.

Mas imagino também, podemos imaginar a dor de Pedro. Depois de… Mostra-nos o livro de Lucas. Depois de Pedro ter negado o Senhor. O Senhor olhou para ele. Imaginem a dor de Pedro. Receber aquele olhar do Senhor. O Senhor avisou-te que tu me vais trair. Depois de traí-los, o Senhor olha para ti. Está a ver? Avisei-te. E traíste-me.

Fiquemos atentos para que o Senhor também não olhe para nós. Com aquele olhar que ele deu a Pedro. Porque o traímos. Porque não fomos fiéis à nossa vocação. Não fomos fiéis ao nosso batismo, não fomos fiéis aos nossos compromissos.

Esta é a semana de despertarmos. É a semana de tirarmos da nossa vida aquilo que não presta. Olharmos para a cruz do Senhor. Abraçarmos os valores da cruz, os valores do amor, do perdão. Abraçarmos esses valores e procurarmos construir a nossa vida com base nesses valores. Ou tendo como base, como fundamento, esses valores.

 E a nossa sociedade precisa muito. Nós cristãos devemos ser os fundamentos, os fatores de uma sociedade nova. O país está mal. A sociedade está mal. As nossas famílias estão mal. Então nós cristãos devemos ser diferentes. Devemos marcar a diferença ou fazer a diferença. Olhando para a cruz de Cristo, agirmos de maneira diferente. Fazermos com que o bem, com que a justiça, com que o amor, com que o perdão, triunfem, brilhem nas nossas vidas.

Como escutamos na primeira leitura, farei de ti a luz das nações. Que brilhem nas nossas vidas esses valores, para que aqueles que se verem ao nosso lado, aqueles que entrarem em contato conosco aqueles que nos verem, que nos escutarem, possam também receber alguma luz. Portanto, esta é a semana santa, mas também é a semana santificadora.

Possamos fazer esforços no caminho da santidade. Cada um olhando sempre para a cruz de Cristo. Não há outro caminho. Por isso o Senhor disse aos discípulos, não é a Pedro que lhe perguntou ao Senhor, por que é que não podemos seguir? Não, ainda não podes seguir-me agora ,depois poderás fazer isso.

 O Senhor dá-nos o exemplo. Ele foi o primeiro a passar pela cruz, a passar pela paixão, pelo sofrimento, a passar pela morte. Mas ressuscitou. Este é o caminho de todos nós. É o caminho de cada cristão. Mas a grande tendência nossa  é que  nos propõe o mundo, é fugirmos do sofrimento, fugirmos do sacrifício.

Não nos queremos sacrificar, nem pelos outros, nem por aqueles que nós dizemos amar. Não nos queremos sacrificar. Procuramos sempre o caminho fácil.

O caminho do prazer o caminho largo. É o caminho largo que nos leva à perdição. E por aí não está o Senhor. Procuremos abraçar o caminho da cruz, o caminho do sacrifício, o caminho da renúncia, nesta Semana Santa, para podermos também ressuscitar com o Senhor.

Que o Senhor nos abençoe, que o Senhor nos dê, sobretudo, forças para resistirmos a todas as tentações. A tentação do abandono e a tentação da traição. Assim seja

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