O activista angolano Osvaldo Kaholo está em greve de fome desde o dia 17 de outubro, como forma de protesto contra o que considera ser uma “perseguição judicial sistemática”. Em declarações feitas por intermédio de seus familiares, Kaholo afirmou: “Prefiro morrer do que ser humilhado pela justiça angolana”.
De acordo com fontes próximas ao ativista, a decisão extrema foi tomada após o Ministério Público apresentar novas acusações contra ele, que, segundo a defesa, carecem de fundamento legal e visam apenas silenciá-lo politicamente. Kaholo é conhecido por seu envolvimento em campanhas contra a corrupção, abuso de poder e violação de direitos humanos em Angola.
A greve de fome, que já entra no seu quarto dia, está a ser realizada sob detenção preventiva, numa cela da cadeia de CALOMBOLOCA. Organizações da sociedade civil e grupos de direitos humanos expressaram preocupação com o estado de saúde do ativista, exigindo que as autoridades angolanas garantam o respeito aos seus direitos fundamentais.
Em resposta, o Serviço Penitenciário afirmou estar a monitorar a situação e garantiu que “todas as medidas médicas necessárias estão a ser tomadas”. No entanto, a família de Kaholo denuncia o que chama de “isolamento forçado” e “falta de acesso a acompanhamento médico independente”.
Nos últimos anos, Osvaldo Kaholo tornou-se uma das vozes mais ativas na denúncia de práticas autoritárias no país. Na era do executivo do Presidente José Eduardo dos Santos, foi detido durante a leitura de um livro em Luanda e, desde então, enfrenta diversos processos judiciais que, segundo os seus apoiantes, têm motivações políticas.
A situação reacende o debate sobre o espaço para a dissidência em Angola e a independência do sistema judicial. Grupos nacionais e internacionais pedem a intervenção urgente da comunidade internacional para evitar uma tragédia anunciada.
Jornalista Siona Júnior