Abel Chivukuvuku foi eleito, segunda-feira, presidente do partido político PRA-JA Servir Angola, durante o 1.º Congresso Constitutivo da força política, com expressivos 98% dos votos válidos.
A eleição decorreu no âmbito dos trabalhos do Congresso, que teve início ontem e vai até quinta-feira, sob o lema “Institucionalizar e fortalecer para ser Governo em 2027”.
A votação começou às 15h45, logo após a pausa para o almoço, e teve a participação de 675 delegados devidamente credenciados. Abel Chivukuvuku, que concorreu pela lista B, foi o primeiro a votar, seguido do seu oponente, Francisco Mateus Canga.
De acordo com os dados finais da votação, Abel Chivukuvuku obteve 660 votos, enquanto Francisco Canga somou apenas 11 votos, o equivalente a 1,5%. Foram ainda registados três votos nulos e um voto em branco.
Na sua primeira intervenção, após o anúncio da vitória, o presidente do PRA-JA reafirmou o compromisso de formar Governo após as próximas eleições. “Vamos trabalhar para crescer, fortalecer o partido e transmitir ao povo que todo o sofrimento que vive hoje terá fim, quando o PRA-JA for Governo, em 2027”, disse.
Já o candidato derrotado reconheceu a necessidade de melhorias internas na organização partidária. “O partido ainda enfrenta desafios internos que vão desde a falta de democracia interna ao amiguismo”, criticou.
O Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola marca uma etapa decisiva na consolidação da agremiação, que foi legalizada há apenas sete meses, após um longo processo de impugnações judiciais. Durante o Congresso, os delegados vão, ainda, eleger os vice-presidentes, aprovar os órgãos estatutários definitivos e traçar a estratégia eleitoral para as Eleições Gerais de 2027.
Discurso de abertura
O coordenador-geral do projecto político PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, defendeu, ontem, em Luanda, a necessidade de promover a união, o respeito pela diversidade e a construção de pontes entre os angolanos.
Ao intervir na abertura do I Congresso Constitutivo do PRA-JA, no Centro de Convenções de Talatona (CCTA), Abel Chivukuvuku reafirmou a missão do partido de servir o país com base em princípios de inclusão e diálogo. “Queremos ser um instrumento dos angolanos para servir Angola. Simplesmente isso”, disse.
No seu discurso, o dirigente sublinhou que a realização do Congresso responde a imperativos legais, nomeadamente uma directiva do Tribunal Constitucional, além da necessidade de substituir os órgãos provisórios por estruturas definitivas, conforme previsto nos estatutos do partido.
“Estamos a preparar-nos com antecedência, dois anos antes das eleições, para garantir que o PRA-JA esteja pronto para servir Angola com competência, humildade e sensibilidade”, frisou.
A realização do Congresso coincide com um momento simbólico para o país, que se aproxima da celebração dos 50 anos de Independência. No entanto, Abel Chivukuvuku alertou que, apesar desse marco histórico, os desafios sociais e económicos permanecem alarmantes.
O presidente do PRA-JA teceu críticas ao que qualificou como “défice democrático” e “mentalidade de negação da realidade”, sustentando que o país continua submetido a práticas autoritárias, apesar de se declarar formalmente como um Estado Democrático e de Direito.
“Há uma sobreposição de equipas governativas que mantêm os mesmos programas, vícios e insuficiências. O diagnóstico do país não tem sido bem feito, e por isso a receita tem sido ineficaz”, destacou.
Surgimento de novas forças políticas dá lugar à competição
O surgimento de forças políticas concorrentes às Eleições Gerais de 2027 demonstra a existência do multipartidarismo em Angola, considerou, ontem, em Luanda, o secretário do MPLA para a Reforma do Estado, Administração Pública e Autarquias, Mário Pinto de Andrade.
Convidado a participar na abertura do I Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola, que termina quinta-feira, Mário Pinto de Andrade disse à imprensa que Angola ganha quanto mais forças políticas existirem, porque dá lugar à competição de ideias.
De acordo com o secretário do MPLA para a Reforma do Estado, Administração Pública e Autarquias, os partidos começaram, agora, com o processo de competição política, onde cada um, legalmente reconhecido, apresenta as suas ideias de governação.
No que diz respeito à realização do I Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola, Mário Pinto de Andrade disse que o “evento foi bem organizado” e demonstra que a sociedade angolana está a ganhar o hábito de conviver com base nos princípios do multipartidarismo.
Em relação ao seu partido (MPLA), Mário Pinto de Andrade referiu que esteve e está sempre preparado para enfrentar as demais forças políticas concorrentes nas Eleições Gerais de 2027, recordando que “o ‘Partido dos Camaradas’ tem cinco vitórias eleitorais”.
Por sua vez, o vice-presidente da UNITA, Simão Dembo,disse que o surgimento do PRA-JA Servir Angola vai ser mais um pilar no reforço da democracia angolana.
Relativamente ao projecto Frente Patriótica, Simão Dembo referiu que até ao momento continua a ser parte, agora quanto ao seu futuro, vai depender das decisões que saírem deste Congresso e, também, do 14º da UNITA, a realizar-se dentro de alguns meses, cuja abordagem também será sobre as eleições de 2027.
De acordo com o vice-presidente da UNITA, o seu partido não está preocupado com o surgimento de novas forças políticas, sublinhando que se “encontra firme e vai trabalhar para ganhar as Eleições de 2027 e formar governo”. O I Congresso do PRA-JA Servir Angola teve como candidatos à liderança Abel Chivukuvuku e Francisco Canga, tendo a participação de 750 delegados vindos do interior e exterior do país.