
A Orquestra Sinfónica Camunga é uma fonte de superação para crianças, adolescentes e jovens da periferia da Samba e arredores de Luanda, provando que a arte pode ser o mais poderoso instrumento de inclusão social e orgulho nacional.
Nascida no coração da Samba, entre ruas sem pedonal, a poeira das estradas e o perfume salgado do mar, a Orquestra Sinfónica Camunga começou como um sonho simples: ocupar a comunidade com sons de esperança. O projeto nasceu com o propósito de afastar jovens das encruzilhadas da ociosidade e aproximá-los de um futuro melhor através da música.
Com aulas de violino, violoncelo, flauta, trompete e percussão, as tardes da Samba ganharam nova melodia. Onde antes se ouvia o eco do silêncio e do abandono, hoje ressoam harmonias que falam de disciplina, talento e fé. Muitos dos seus integrantes são filhos de pescadores, zungueiras e mototaxistas — jovens que encontraram nas partituras uma nova forma de sonhar.

Hoje, a Orquestra Sinfónica Camunga representa Angola na Espanha com orgulho e firmeza. O que começou como um ensaio improvisado debaixo de um toldo transformou-se numa das maiores referências de superação cultural do país. A presença internacional é mais do que uma vitória artística — é a prova viva de que a periferia também produz excelência, quando há visão e liderança.
No centro dessa trajetória está o Maestro Camunga, um homem que sempre acreditou que o talento da Samba não devia ficar preso às esquinas. A sua determinação em formar jovens músicos, mesmo sem instrumentos suficientes ou salas adequadas, moldou uma geração de artistas que hoje se apresentam com brilho e confiança diante do mundo.

Malamba Camunga não é apenas um maestro: é um arquiteto de sonhos, um construtor de futuro. A sua batuta guia não só as notas musicais, mas também os destinos de quem acreditou que a arte podia ser redenção.
A Orquestra Sinfónica Camunga é mais do que um grupo musical — é um símbolo. Mostra que a cultura, quando é tratada com amor e persistência, pode romper fronteiras, erguer comunidades e colocar Angola em palcos que antes pareciam distantes.
Enquanto os acordes ecoam pela Espanha, ecoa também o orgulho da Samba — uma comunidade que aprendeu que, mesmo com estradas sem pedonal, é possível marchar rumo à grandeza, conduzida pela força invisível da música e pela fé de um maestro que nunca desistiu de sonhar.
Jornalista Siona Júnior