
O Partido Esperança, liderado por Mfuca Muzemba, e o MODA – Movimento Democrático Angolano, de Caxala Neto, continuam à espera da legalização pelo Tribunal Constitucional (TC). Ambos surgem como projetos políticos que prometem resgatar a juventude para a vida pública e renovar a prática democrática angolana, mas enfrentam o impasse jurídico que ainda os mantém fora do campo formal.
A política angolana vive um momento de expectativa silenciosa, especialmente entre os jovens que se sentem afastados dos centros de decisão. Em meio a essa ansiedade coletiva, dois novos projetos partidários se apresentam como possíveis sinais de renovação: o Partido Esperança, de Mfuca Muzemba, e o MODA – Movimento Democrático Angolano, liderado pelo jornalista Caxala Neto. Ambos aguardam o crivo do Tribunal Constitucional, que continua a ser o árbitro decisivo entre a vontade popular de participação e os entraves burocrático-legais da construção partidária.

O discurso dos dois líderes converge num ponto central: a juventude é, não apenas o futuro, mas o presente político do país. Mfuca Muzemba, com histórico de ativismo político e social, tenta canalizar um sentimento de mudança que há muito pulsa nos bairros urbanos e periurbanos. Por sua vez, Caxala Neto, vindo da arena mediática, busca transformar o inconformismo cívico em ação organizada, dando aos jovens um espaço onde possam exercer a cidadania de forma mais ativa.
Contudo, a demora na legalização dessas forças emergentes levanta questões inevitáveis. Será que Angola está pronta para acolher novos actores políticos que não se enquadram na lógica tradicional? Ou continuaremos a assistir ao desgaste dos mesmos discursos e estruturas que já não dialogam com os anseios dos mais novos?
A verdade é que a juventude angolana quer alternativas. Quer ser ouvida, quer participar e quer, sobretudo, acreditar que existe espaço real para ideias que não se acomodam na velha dialética política. Tanto o Partido Esperança quanto o MODA apresentam-se como laboratórios de inovação política, onde o debate, a organização comunitária e o envolvimento social podem voltar a ganhar sentido.
Se a legalização de ambos avançar, será um teste importante para a vitalidade da democracia angolana. Se não avançar, restará a sensação de que as portas continuam fechadas para a renovação das vozes políticas. E isso, num país com maioria jovem, não é apenas um problema institucional — é um risco para o futuro.
No fim, a questão central persiste: serão estes partidos capazes de transformar a energia juvenil em ação política concreta? A resposta depende tanto da coragem dos seus promotores quanto da abertura do sistema político em reconhecer que a juventude já não quer esperar — quer participar.
Jornalista Siona Júnior