
Eu sempre disse, com a calma de quem avisa que a panela está no fogo, que o senhor Alves Simões ia acabar com o futebol angolano.
Disseram que eu estava a exagerar.
Disseram que eu era implicante.
Disseram até que era inveja.
Pois bem, hoje os mesmos que me chamaram de exagerado agora fazem fila para dizer:
— Eh mano, afinal tu tinhas razão!
Eu? Eu só sorrio. Há vitórias que nem precisam de taça.
Agora, repare na obra-prima: há apenas três jogadores do Girabola convocados para a CAN, mas a solução da FAF foi… suspender o Girabola.
Sim, suspender.
Como quem fecha o mercado de peixe porque três peixeiras foram vender mandioca.
Se isso não é gestão criativa, não sei o que é.
Talvez seja uma nova filosofia:
“Se só três vão à CAN, paramos o campeonato todo para não cansar os outros”.
Brilhante. O país está a precisar deste tipo de pensamento revolucionário.
Enquanto isso, os clubes — esses gigantes do futebol nacional, reagem com a energia de quem acabou de comer funge pesado, estão calados:
O Petro de Luanda, que está na competição africana, aceita tudo com alegria de funcionário no final do mês.
— Vamos parar o Girabola.
— Tá bem chefe, parem lá.
Até parece que suspender campeonato é igual a suspender aula de Educação Moral e Cívica.
É o primeiro caso, na história do futebol mundial, em que os clubes param o campeonato, por causa da ausência de três jogadores de clubes diferentes, e a FAF só observa, inocente, como quem passa e vê uma roda de kizomba:
— Olha, eles pararam…
— Mesmo?
— Ya, é… eles é que pararam.
Isto não é gestão.
Isto não é futebol.
Isto é teatro — e dos caros.
Só falta vender bilhete.
Enquanto tudo isso acontece, os adeptos continuam sem saber se riem, choram, ou se pedem um novo campeonato só para acompanhar o enredo.
Resultado final?
Temos um Girabola suspenso por excesso de criatividade.
Uma FAF que tropeça nas próprias decisões.
Clubes que obedecem como se estivessem a assinar ponto.
E um futebol nacional que já não caminha… desliza para o abismo com pose de desfile.
E eu?
Eu olho para tudo e penso:
“Se a intenção era transformar o futebol num espectáculo humorístico, conseguiram. Falta só distribuir pipocas.”
Mas enfim…
Como dizia o kota da rua:
“Quando a liderança não sabe o caminho, até o GPS pede demissão.”
Por: André Kivuandinga, jornalista e Cronista