Sexta-feira, Dezembro 5, 2025

O MILAGRE DA SUSPENSÃO

Como quem fecha o mercado de peixe porque três peixeiras foram vender mandioca.

Por: apostolado
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Eu sempre disse, com a calma de quem avisa que a panela está no fogo, que o senhor Alves Simões ia acabar com o futebol angolano.

Disseram que eu estava a exagerar.

Disseram que eu era implicante.

Disseram até que era inveja.

Pois bem, hoje os mesmos que me chamaram de exagerado agora fazem fila para dizer:

— Eh mano, afinal tu tinhas razão!

Eu? Eu só sorrio. Há vitórias que nem precisam de taça.

Agora, repare na obra-prima: há apenas três jogadores do Girabola convocados para a CAN, mas a solução da FAF foi… suspender o Girabola.

Sim, suspender.

Como quem fecha o mercado de peixe porque três peixeiras foram vender mandioca.

Se isso não é gestão criativa, não sei o que é.

Talvez seja uma nova filosofia:

“Se só três vão à CAN, paramos o campeonato todo para não cansar os outros”.

Brilhante. O país está a precisar deste tipo de pensamento revolucionário.

 

Enquanto isso, os clubes — esses gigantes do futebol nacional, reagem com a energia de quem acabou de comer funge pesado, estão calados:

O Petro de Luanda, que está na competição africana, aceita tudo com alegria de funcionário no final do mês.

— Vamos parar o Girabola.

— Tá bem chefe, parem lá.

Até parece que suspender campeonato é igual a suspender aula de Educação Moral e Cívica.

 

É o primeiro caso, na história do futebol mundial, em que os clubes param o campeonato, por causa da ausência de três jogadores de clubes diferentes, e a FAF só observa, inocente, como quem passa e vê uma roda de kizomba:

 

— Olha, eles pararam…

— Mesmo?

— Ya, é… eles é que pararam.

 

Isto não é gestão.

Isto não é futebol.

Isto é teatro — e dos caros.

Só falta vender bilhete.

 

Enquanto tudo isso acontece, os adeptos continuam sem saber se riem, choram, ou se pedem um novo campeonato só para acompanhar o enredo.

 

Resultado final?

Temos um Girabola suspenso por excesso de criatividade.

Uma FAF que tropeça nas próprias decisões.

Clubes que obedecem como se estivessem a assinar ponto.

E um futebol nacional que já não caminha… desliza para o abismo com pose de desfile.

 

E eu?

Eu olho para tudo e penso:

“Se a intenção era transformar o futebol num espectáculo humorístico, conseguiram. Falta só distribuir pipocas.”

 

Mas enfim…

Como dizia o kota da rua:

“Quando a liderança não sabe o caminho, até o GPS pede demissão.”

 

Por: André Kivuandinga, jornalista e Cronista

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