
O Instituto Angolano da Juventude (IAJ) existe, pelo menos no papel, para defender os interesses dos jovens angolanos. Mas, quando observamos a realidade, a pergunta impõe-se com força de lead: o Instituto Angolano da Juventude faz o quê, afinal, pela juventude?
Num país onde tantos jovens enfrentam um futuro incerto, o silêncio do IAJ tornou-se ensurdecedor. E os exemplos acumulam-se, revelando um fosso crescente entre o discurso oficial e as necessidades reais da juventude.
Tomemos o caso de jovens detidos injustamente, tema que deveria indignar qualquer instituição vocacionada para a defesa da juventude. O nome de Osvaldo Kaholo, tal como o do General Lila e de vários líderes juvenis de associações de taxistas, surge frequentemente associado a processos polémicos, detidos em circunstâncias contestadas por familiares, colegas e organizações da sociedade civil. Ainda assim, não se ouviu do IAJ uma posição firme, uma manifestação de preocupação ou, no mínimo, um pedido de esclarecimento. Nada. O Instituto, que deveria ser voz e escudo, permanece calado.
A crise do emprego é outro território onde a ausência do IAJ pesa como chumbo. Mães jovens e solteiras, muitas delas chefes de família, enfrentam diariamente a luta pela sobrevivência num mercado de trabalho que as exclui e onde políticas específicas simplesmente não existem. Em vez de propor programas de formação, incentivos de empreendedorismo ou sistemas de apoio económico, o IAJ limita-se a observar. E quando observa demais e age de menos, a juventude paga a fatura.
Mais recentemente, o MININT suspendeu o curso de formação policial, deixando mais de três mil jovens sem rumo, sem explicações claras e sem qualquer intervenção pública do Instituto. Onde está o posicionamento do IAJ diante de uma decisão que afeta diretamente milhares de jovens que apostaram tempo, esperança e recursos num futuro que, de repente, lhes foi retirado?
A somar-se a tudo isto, temos uma realidade juvenil que permanece frágil: desemprego alto, oportunidades escassas, iniciativas governamentais insuficientes e um sentimento coletivo de abandono. O IAJ, instituição que deveria liderar soluções, consultas, debates e propostas, limita-se a existir sem influenciar.
Se a missão do Instituto é representar, proteger e promover a juventude, então a juventude tem razão em perguntar — e deve perguntar cada vez mais alto: onde está o IAJ quando mais precisamos dele? Porque, enquanto a instituição continuar a não apresentar soluções, continuará a ser apenas um nome bonito numa placa institucional, distante da vida real dos jovens angolanos.
A juventude não precisa de silêncio. Precisa de ação. E é tempo de o IAJ ser parte da solução — ou assumir que deixou de o ser.
Em actualização.
Jornalista Siona Júnior