
O amistoso entre as seleções de Angola e Argentina, marcado para esta sexta feira dia 14 de Novembro de 225, promete ser mais do que um simples jogo de futebol. Vai ser também um clássico digital, uma disputa paralela nas redes sociais, onde cada fotografia, cada “story”, cada comentário carregará uma bandeira — não apenas da pátria, mas também da política.
No Estádio 11 de Novembro, o relvado será testemunha de Messi e companhia, mas nas bancadas e nos ecrãs dos telemóveis o duelo será outro: quem vai dominar o feed? Os militantes do MPLA, sempre prontos para mostrar o “prestígio internacional” e o “reforço das relações entre os povos”, ou os da Oposição, que certamente não perderão a oportunidade de lembrar os problemas de casa enquanto a bola rola com brilho estrangeiro?
Imagina-se Celso Malavoloneke, sempre elegante e diplomático, a fazer uma crônica patriótica no Facebook, celebrando “o futebol como ponte cultural entre nações irmãs”. Adriano Sapinãla, talvez com um sorriso sarcástico, a publicar uma selfie no meio da multidão, com a legenda: “Enquanto Messi encanta, o povo ainda espera encantar-se com justiça social”. Navita Ngolo, atenta e firme, pode aparecer no Instagram com uma pose serena, lembrando que “a alegria do futebol não pode distrair da luta pela dignidade”. E Raquel da Lomba, entre um story e outro, talvez transforme o jogo em poesia — misturando o toque de bola com o toque de esperança que o país tanto precisa.
O jogo, afinal, será jogado em dois campos: o de 11 contra 11 e o dos 18 milhões de espectadores que vivem a bola com alma e wi-fi. As arquibancadas serão um mosaico de emoções, bandeiras e hashtags. E mesmo quem não for ao estádio, estará lá — nos comentários, nos memes, nos debates virtuais que transformarão cada lance num argumento.
Mas talvez, no fundo, o que o país precisa é que, por noventa minutos, as cores políticas se apaguem e só reste uma: a vermelho, preto e dourado da bandeira nacional. Que o grito de “GOLO!” una vozes que no dia seguinte voltarão a discordar, mas que, por instantes, podem sonhar juntas.
Porque, no fim, pouco importará quem postou mais. O que vai importar é quem sentiu mais — e quem ainda acredita que o futebol, mesmo em tempos de polarização, pode ser um respiro de unidade.