Em tempos de efervescência política e de crescente exigência por parte da sociedade civil, os quadros da oposição angolana são desafiados a reinventar-se, a renovar as suas estratégias e a aproximar-se cada vez mais das realidades locais. Moniz Alfredo, representante legal da UNITA na província do Bengo, parece ainda não ter compreendido essa urgência. E talvez por isso devesse olhar com mais atenção para o trabalho que vem sendo desenvolvido por Adriano Sapinãla, seu correligionário e exemplo de liderança política dinâmica, articulada e presente.
Sapinãla, deputado à Assembleia Nacional, tem demonstrado não apenas competência técnica no parlamento, mas também uma impressionante capacidade de mobilização junto das comunidades, especialmente nas zonas mais esquecidas do país. A sua atuação vai além da retórica partidária: ele escuta, propõe, denuncia e, acima de tudo, está presente onde o povo mais precisa. Isso, por si só, já é uma lição de liderança política que muitos quadros da UNITA deveriam aprender – inclusive Moniz Alfredo.
Na província do Bengo, onde os desafios sociais são tão evidentes quanto ignorados, seria esperado que o principal rosto da UNITA atuasse com mais vigor, mais presença e mais criatividade. A política já não se faz apenas com discursos em comícios ou com reuniões em gabinetes. Faz-se com empatia, com intervenção social concreta e com uma postura pública firme, que traduza os anseios dos cidadãos em ações tangíveis.
Não se trata de um ataque pessoal, mas de um apelo à renovação de postura. O Bengo, como outras províncias, precisa de políticos que inspirem confiança e esperança. E para isso, é preciso sair da sombra do conformismo e entrar na luz do ativismo político moderno, tal como tem feito Sapinãla em várias frentes.
Se a UNITA quer ser, de facto, uma alternativa viável ao poder, precisa que os seus representantes locais estejam alinhados com o novo espírito de mobilização social e política que a sociedade angolana exige. Moniz Alfredo tem uma responsabilidade histórica na província do Bengo – e ainda há tempo de honrá-la. Mas para isso, precisa, urgentemente, aprender com quem está a fazer diferente – e melhor.