Dom José Imbamba, arcebispo do Saurimo e Presidente da CEAST reagiu da seguinte forma:
Um pastor que soube interpretar os valores evangélicos, que abraçou a pobreza, abraçou o evangelho da vida como um motto para o seu ser missionário.
E de maneira que é uma figura que encantou o mundo no seu todo, independentemente dos credos, abriu as portas do diálogo, abriu as portas da fraternidade, abriu as portas para a paz mundial, abriu as portas para a preocupação com o mundo da ecologia.
Por isso, essas memórias penso eu que serão marcantes, porquanto alguém que procurou proporcionar um ambiente de convívio saudável para todos.
Ele primou pela amizade social, primou pela amizade inclusiva, primou por um mundo onde todos nós pudéssemos nos sentir responsáveis, ativos, para que cada um viva a sua vocação humana sem grandes sobressaltos.
Por isso, estamos agradecidos por este legado que ele nos deixou, agradecidos, sobretudo, pela lição de amor, lição de desprendimento, lição de fraternidade, de acolhimento e de solidariedade, sobretudo para com aquelas camadas mais vulneráveis e desprezadas no nosso contexto social.
Agora a reação do vice presidente da Ceast e Bispo do Dundo, Dom Estanislau Tchindecasse
Toda a minha vida com o Bispo, aqui na diocese do Dundo, foi sob a liderança do Papa Francisco. E, efetivamente, ele foi eleito a 13 de março de 2013, uma quarta-feira, e eu cheguei cá de manhã no dia 14, e depois tive a sorte de, por quatro meses, tive a dita de estar com ele.
Portanto, é um grande pastor, sem dúvida, hoje em dia toda a gente o diz, mas não são lugares-comuns, porque ele foi de grande simplicidade. Aliás, já ficou patente com o nome que escolheu: Francisco. O Francisco de Assis, o baratinho da pobreza, com a maneira de ver o Evangelho, assim foi.
Foi o homem da alegria, o Papa sorria para toda a gente, para os pobres. Aliás, as suas exortações, as últimas, as recentes, é tudo sempre: a alegria do Evangelho, a alegria do matrimônio, alegrar e exultar. Portanto, isto era evidente nele.
Os últimos dias, naturalmente, isto foi uma surpresa, em parte, porque depois de uma grande adolescência ele estava, parecia que estava a recuperar bem, e os últimos gestos, depois, não nos faziam pensar que, realmente, estivesse para breve o desfecho da vida dele.
Quinta-feira Santa ainda visitou os presos, Regina Caeli, mais um gesto simbólico. Ele compôs as meditações da Sexta-feira Santa, foi ele quem as compôs, e ontem, depois, ainda esteve na Praça São Pedro, para dar a tradicional bênção Urbi et Orbi, e de manhã encontrou-se até com o vice-presidente dos Estados Unidos.
Portanto, tudo levava a crer que, efetivamente, o Papa estava a recuperar a sua saúde, não obstante a idade e as mazelas que tem. Mas chegou o dia. Nós temos que agradecer a Deus pelo homem que foi, pelo seu exemplo de dedicação à Igreja.
Foi, verdadeiramente, um pastor, eu diria, multidimensional. Falou aos jovens, falou aos casais, falou aos que estavam afastados da Igreja, falou aos líderes religiosos, falou justamente que o nome de Deus não devia ser, realmente, mencionado para declarar a guerra ou para alimentar as guerras.
E, sinal disto, acabo de ouvir há instantes que o primeiro-ministro da Índia já manifestou o seu pesar, o presidente do Egito também, portanto, não são só os católicos, realmente, que sentem a perda dele, é o mundo inteiro que o viu, efetivamente, como um líder mundial que se bateu pela fraternidade, pela paz e pela justiça.
Olhando para a figura do Papa Francisco, para a Igreja Católica e não só, como é que os fiéis católicos devem honrar o legado do Santo Padre e como é que estão a preparar-se para homenageá-lo?
Bom, nós, como é norma, de imediato, esta tarde, teremos uma missa. Há uma missa própria, quando o Papa morre vamos celebrar esta missa. Mas o mais importante, justamente, é não nos esquecermos dos seus ensinamentos. Como eu disse, ele tem uma mensagem para todos.
E, depois disso, efetivamente, abriu a Igreja. A Igreja é para todos. A Igreja não são só os padres, nós somos todos nós, o povo de Deus. É o Papa e o povo de Deus, somos todos os fiéis. Então, como povo de Deus, vamos dar graças a Deus por este homem que realmente deu o exemplo de dedicação ao Evangelho como deve ser.
Reação do Núncio Apostolado Núncio Apostólico em Angola em angola e São Tome, Dom Crispem Dubiel
Dom No centro da celebração pascal, quando estamos felizes pela vitória de Cristo, quando cantamos Aleluia, chegou uma mensagem triste: hoje o Bispo de Roma, Papa Francisco, retornou à Casa do Pai.
Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.
Rezemos pelo Papa que retornou à Casa do Pai. Ele deixou-nos um bom exemplo como Pastor da Igreja Universal, atento a cada pessoa e desejoso de dar apoio a todos os que seguem Jesus como Mestre.
As notícias sobre todos os eventos serão transmitidas logo que a Santa Sé prepare o calendário.
Uma última questão: segundo a comunicação que recebemos há instantes, não vamos poder fazer uma comunicação longa devido a outras preocupações que tem por esta altura o núncio apostólico, por resolver mesmo à volta da morte do Papa.
O Papa Francisco promoveu reformas importantes a nível da Igreja, acolheu minorias e priorizou os pobres. Parte o Papa dos pobres. O Papa tinha um coração sempre aberto, também olhos e coração, tal como Jesus.
Como disse uma vez um cardeal, a vida do Papa foi um Evangelho vivo, é um Evangelho praticado. Ele mostrou a todo o mundo que é possível aplicar o Evangelho a cada momento da vida de cada cristão.
Por esta altura, uma última questão mesmo: como é que a Igreja Angolana, a Igreja Católica em Angola está a preparar-se? Quais serão os próximos passos por esta altura?
A Igreja em Angola está viva, está muito, muito ativa. Penso que todas as palavras do Papa foram aceitas, vividas. Todo o mundo esperava a visita do Papa. Foi uma visita muito, muito como um sonho, uma espera muito viva, pensando que o Papa poderia vir, mas a providência tomou uma decisão diferente.
Mas podemos dizer que agora, na Casa do Pai, desejamos que o Papa Francisco vá também prestar atenção à Igreja em Angola, que vai celebrar estes eventos pascais com fé viva. Cada dia, não só no tempo de Páscoa, também cada ano que nos deixa a providência como cristãos.