O jovem líder Cardoso dos Santos, presidente da Associação Angola Avançar, levanta um alerta urgente: as centralidades Vida Pacífica e 8000 estão a passar por um processo silencioso, mas alarmante, de higienização social. Segundo ele, ações recentes colocam em risco o direito à habitação e a permanência digna de centenas de famílias, especialmente as mais vulneráveis.
Não se trata apenas de obras ou reordenamento urbano. O que está em curso, segundo Cardoso, é uma tentativa de expulsão disfarçada de política pública. “Estamos a assistir à elitização destes espaços, onde o pobre é indiretamente empurrado para fora, como se não fizesse parte do projeto de cidade”, afirma o presidente da associação, que atua diretamente com jovens e comunidades periféricas.
A higienização urbana, prática já denunciada em várias partes do mundo, tem ganhado forma em Angola de maneira preocupante: aumento de taxas, restrições ao comércio informal, pressão sobre moradores considerados “desalinhados” com a estética das centralidades. Para Cardoso, isso compromete não apenas a inclusão social, mas a própria essência do projeto dessas comunidades — criadas justamente para oferecer habitação digna à população de baixa renda.
É preciso dizer com clareza: urbanizar não pode ser sinónimo de excluir. O desenvolvimento deve ser feito com diálogo, planejamento participativo e respeito aos direitos adquiridos. O Estado tem a obrigação de garantir que o progresso não venha à custa do sofrimento das famílias mais frágeis.
Cardoso dos Santos representa uma geração que não aceita calada as injustiças e exige uma Angola mais justa, inclusiva e com políticas públicas que respeitem o povo onde ele está. Sua voz ecoa uma verdade incômoda, mas necessária: a cidade é de todos — e ninguém deve ser apagado do mapa em nome de uma modernização seletiva.