
O papel do juiz de garantia — criado para reforçar a imparcialidade e proteger direitos fundamentais — tornou-se alvo de desconfiança e críticas severas por parte de advogados, activistas e membros da sociedade civil. Nos últimos meses, multiplicaram-se denúncias de que alguns destes magistrados estariam a facilitar a libertação de suspeitos, incluindo indivíduos acusados de crimes graves, mesmo diante da existência de prova material relevante. As acusações, ainda sob investigação, levantam um debate urgente: estaria a figura do juiz de garantia a transformar-se numa porta aberta para a corrupção dentro do sistema judicial?
Segundo relatos colhidos pela reportagem do Jornal Apostolado, vários profissionais do foro afirmam que determinados juízes de garantia têm actuado em troca de pagamentos ilícitos, interferindo em decisões processuais sensíveis. Entre os casos mencionados estão libertações consideradas inexplicáveis de suspeitos de violações de menores e de crimes violentos. Advogados críticos chegam a apelidar estes magistrados de “mixeiros da justiça”, numa alusão à alegada compra e venda de decisões judiciais.
Além disso, denúncias relativas a corrupção activa e passiva, abuso de poder e práticas de nepotismo têm sido comunicadas a organismos de fiscalização. Fontes internas afirmam que, desde que o Tribunal Supremo decidiu implementar mais amplamente a figura do juiz de garantia, aumentou não apenas o número de decisões controversas, mas também a percepção pública de que o sistema judicial perdeu parte da sua credibilidade.
Especialistas em direito penal lembram, contudo, que as acusações precisam ser rigorosamente investigadas e que não se pode generalizar comportamentos individuais para toda a magistratura. Ainda assim, reconhecem que a falta de transparência e a ausência de mecanismos fortes de controlo interno contribuem para alimentar a desconfiança.
Para organizações da sociedade civil, o momento exige reformas estruturais e uma auditoria independente sobre o funcionamento dos juízes de garantia. “A justiça só se fortalece quando a confiança pública é preservada”, afirma um jurista consultado pela reportagem. “Se há violações éticas, precisam ser apuradas com rigor e punidas.”
À medida que as investigações avançam, cresce a pressão para que o sistema judicial esclareça as denúncias e recupere a confiança dos cidadãos. Até lá, permanece no ar a pergunta que se tornou título desta investigação: os juízes de garantia estão a cumprir o seu papel — ou a deturpar os fundamentos da justiça?
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