O efectivo da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), Apolinário Marques da Silva, está novamente no centro de uma tragédia rodoviária em Luanda. No passado dia 5 de Abril, o agente atropelou mortalmente a jovem Otchali do Amaral (na foto), conhecida como Lindiane, estudante de 16 anos do Instituto Médio de Saúde Filipe Mendonça, que atravessava a perigosa estrada Fidel Castro — via marcada por falta de passadeiras, ausência de iluminação pública e velocidades descontroladas.
AGENTE É LIBERTADO SEM PERÍCIA ADEQUADA
A vítima morreu no local, vítima de múltiplos traumatismos. Lindiane sonhava estudar medicina e estava prestes a emigrar para Inglaterra, onde pretendia prosseguir os seus estudos. O impacto da sua morte abalou a comunidade estudantil e levantou sérias dúvidas sobre a conduta das autoridades no tratamento do caso.
Segundo testemunhas, Apolinário Marques da Silva conduzia uma viatura Land Cruiser branca a alta velocidade. Esta não é a primeira vez que o agente se vê envolvido num acidente fatal. Fontes policiais confirmam que se trata do segundo atropelamento com morte em que está implicado. Ainda assim, foi libertado poucos dias depois, mediante caução, sem que tenha havido qualquer acção pública significativa por parte da justiça.
O que mais revolta a família e a opinião pública é o comportamento dos Serviços de Investigação Criminal (SIC) no seguimento do acidente. O corpo da jovem permaneceu no local durante cerca de quatro horas, exposto ao sol, sem perícia, sem recolha de provas e sem detecção do grau de sobriedade do condutor. Não foi feito qualquer exame à viatura, nem registo oficial das condições do acidente — um conjunto de omissões que compromete gravemente a investigação.
A ausência total de procedimentos periciais levanta suspeitas de encobrimento, especialmente tendo em conta que Apolinário Marques da Silva é membro de uma família com influência dentro do aparelho da PIR. A família da vítima receia agora que, como em casos anteriores, o processo termine sem responsabilização.
“O Estado não protege os nossos filhos em vida, e depois ainda lhes nega a dignidade na morte”, lamenta um familiar de Lindiane. A indignação cresce entre residentes e familiares, que denunciam a passividade das instituições e a impunidade de agentes públicos envolvidos em crimes com mortes civis.
A estrada Fidel Castro — que atravessa bairros densamente povoados — já fez dezenas de mortos este ano. Recentemente, uma bebé com a sua babá e um professor também perderam a vida ali. Ainda assim, o governo não adoptou quaisquer medidas de mitigação dos riscos, como instalação de passadeiras elevadas, semáforos ou redutores de velocidade.
Enquanto isso, Apolinário Marques da Silva está em liberdade. A justiça continua sem resposta, a estrada continua a matar, e as famílias continuam a enterrar os seus sem saber se algum dia haverá responsabilização.
Fonte: Club-k.net