
As ruas esperavam fervilhar de vozes e cartazes, mas o silêncio falou mais alto. Depois de anunciarem manifestações contra as más condições sociais e a repressão política, vários activistas acabaram por recuar, sobretudo após as recentes detenções de colegas em diferentes pontos do país.
A promessa de sair às ruas ganhou espaço nas redes sociais e mobilizou simpatizantes, mas os sinais de endurecimento das autoridades serviram de travão. O medo de perseguições, a pressão sobre famílias e até os alertas de vizinhos e amigos pesaram na decisão de não avançar.
Fontes próximas dos organizadores confirmam que, além da repressão policial, também houve divisões internas quanto à melhor forma de protestar. Alguns defendiam manter a palavra dada e enfrentar os riscos, enquanto outros alertavam que seria “caminhar para a prisão sem resultados concretos”.
O recuo, entretanto, não significa rendição. Os activistas asseguram que continuam a procurar alternativas de luta cívica e prometem “novos métodos de resistência” menos expostos à violência das forças da ordem. Mas, para já, o que sobrou foi a sensação de que o poder voltou a vencer pela intimidação, deixando em aberto a dúvida: até quando a juventude vai continuar a recuar diante do medo?
Jornalista Siona Júnior