
Se a nossa polícia sabia — ou aparentava saber — do polémico marketing encenado pelo humorista Cesalty e a esposa Buderbela, então Angola caminha para uma imoralidade institucionalizada que deveria preocupar qualquer cidadão consciente. A sensação que fica é a de que a fronteira entre entretenimento, provocação social e responsabilidade pública está a ser violada sem o mínimo de resguardo, e isso exige um “STOP” urgente na governação do MPLA.
O episódio tornou-se viral, gerando reacções de indignação, incredulidade e um desconforto crescente sobre o papel das instituições. Num país onde a polícia tem a responsabilidade de preservar a ordem e o decoro público, a mera possibilidade de conivência — seja por conhecimento prévio, omissão ou tolerância — levanta questões sérias sobre prioridades e padrões éticos.
Há quem argumente que se tratou apenas de uma acção de marketing, uma estratégia típica de artistas que exploram controvérsias para ganhar visibilidade. Mas quando este tipo de acção toca a esfera pública e envolve instituições do Estado, o debate deixa de ser sobre humor e passa a ser sobre governança, credibilidade e valores. E aí o problema já não é Cesalty ou Buderbela: é a percepção de que as instituições podem estar a normalizar a banalização moral.
A crítica emerge, portanto, não apenas do acto em si, mas da sensação de que se abriu um precedente perigoso. Um país não pode permitir que figuras públicas transformem o espaço social num palco de teatralizações sem limites — especialmente se existir a suspeita de que autoridades fecharam os olhos ou consideraram a acção como “irrelevante”. Isso mina a confiança pública e alimenta a ideia de que vivemos numa espécie de “vale tudo”.
O MPLA, como força política que dirige o país, não pode permitir que tais episódios se tornem rotina. É na sua governação que recai a responsabilidade de garantir que as instituições se mantenham firmes, coerentes e impermeáveis a pressões mediáticas ou estratégias de marketing. Colocar “STOP” nesta brincadeira não significa censurar artistas, mas reafirmar que há limites éticos quando o espaço público está em causa.
Angola precisa de instituições sérias, respeitadas e funcionais. E isso começa por deixar claro que o entretenimento não pode ultrapassar a moralidade social nem confundir-se com permissividade estatal. Se houve falha, omissão ou tolerância, que se investigue. Se foi apenas má interpretação pública, que se esclareça. O que não podemos aceitar é a nebulosidade — porque nela cresce a desordem moral.