Quinta-feira, Outubro 2, 2025

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ANGOLA AVANÇAR DENUNCIA AUMENTO ALARMANTE DE MÃES ADOLESCENTES SEM FORMAÇÃO NO CALUMBO

Presidente da Associação Angola Avançar, que acusa os pais biológico de “abandonar completamente” esta faixa vulnerável da população.

Por: apostolado
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O Presidente da Associação Angola Avançar, Cardoso dos Santos, denunciou esta semana a existência de centenas de adolescentes que vivem como mães solteiras, sem qualquer formação académica ou técnico-profissional no município do Calumbo. A realidade, segundo ele, é ignorada pelas autoridades locais e representa uma bomba social em crescimento.

 

Mais de 300 adolescentes entre os 13 e 18 anos, residentes no município do Calumbo, encontram-se atualmente na condição de mães solteiras e fora do sistema de ensino. A revelação foi feita por Cardoso dos Santos, presidente da Associação Angola Avançar, que acusa os pais biológico de “abandonar completamente” esta faixa vulnerável da população.

 

“Estamos a falar de meninas que, além de serem mães precoces, não têm qualquer base académica ou formação técnico-profissional. Estão condenadas à pobreza intergeracional, sem perspectivas de autonomia ou inserção no mercado de trabalho”, afirmou Cardoso dos Santos, em conferência de imprensa realizada na sede da organização.

 

Segundo dados preliminares recolhidos pela associação no último trimestre, cerca de 78% dessas jovens engravidaram ainda no ensino primário, muitas vezes em contextos de abuso, exploração ou carência extrema. Sem apoio familiar nem programas públicos de reintegração, acabam por abandonar completamente os estudos.

 

O município do Calumbo, um dos mais periféricos da província de Luanda, tem sido historicamente marcado pela falta de infraestruturas sociais básicas, como escolas de qualidade, centros de saúde materno-infantil e centros de formação profissional. Esta ausência do Estado tem criado um cenário fértil para o ciclo de exclusão social.

Cardoso dos Santos aponta ainda o desemprego juvenil, a ausência de políticas públicas direcionadas e a cultura do silêncio nas comunidades como fatores que agravam o problema. “A maioria destas meninas vive com os filhos em condições sub-humanas. Algumas recorrem à prostituição para sobreviver. Outras são rejeitadas pelas próprias famílias”, denunciou.

 

Apesar da gravidade da situação, a Administração Municipal do Calumbo e os ministérios da Acção Social e da Educação ainda não apresentaram qualquer plano estruturado para lidar com o problema. A única resposta, segundo a associação, tem sido o silêncio e a burocracia.

 

A Angola Avançar exige agora medidas urgentes, entre elas a criação de programas de reinserção escolar específicos para mães adolescentes, cursos profissionalizantes com acesso a creches comunitárias e campanhas de sensibilização nas escolas e bairros.

 

“Se continuarmos a ignorar este drama, estaremos a fabricar uma nova geração de exclusão, miséria e instabilidade social. O Calumbo é o espelho de muitas outras zonas do país, onde o abandono das adolescentes é tratado com normalidade”, concluiu o presidente da associação.

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