Sexta-feira, Novembro 21, 2025

FRANCISCO TEIXEIRA DEIXA O MEA EM 2026: MEMBROS CONVOCAM ELEIÇÕES PARA ESCOLHER NOVO PRESIDENTE

Teixeira e “novos caminhos”: política no horizonte?

Por: apostolado
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O maior movimento estudantil de Angola, o MEA – Movimento Estudantil de Angola, convocou, nesta sexta-feira, 21 de novembro de 2025, as eleições para a escolha do presidente, vice-presidente e secretário-geral da organização, marcadas para os dias 3 e 4 de fevereiro de 2026. A grande expectativa recai sobre a possível candidatura de Joaquim Lutambi, enquanto o actual presidente, Francisco Teixeira, confirma que não tenciona recandidatar-se, afirmando que “é preciso dar exemplo aos líderes que se comportam como se o poder fosse herança de família”.

 

Opinião | Um gesto raro na política juvenil angolana

 

A decisão de Francisco Teixeira não é apenas administrativa — é simbólica. Num país onde a rotatividade de liderança é mais promessa do que prática, a escolha de não se recandidatar, apesar de os estatutos do MEA o permitirem, mostra uma maturidade política pouco comum entre organizações juvenis, muitas vezes capturadas por agendas partidárias ou por ambições pessoais travestidas de “continuidade”.

 

Teixeira dá um recado direto, ainda que não verbalizado: ninguém é dono do MEA, e o movimento precisa renovar-se se quiser manter relevância num cenário estudantil cada vez mais crítico, exigente e consciente.

 

Lutambi: o nome que agita as bases

Joaquim Lutambi, apontado internamente como favorito para concorrer, surge como figura capaz de unir alas do MEA que há anos pedem modernização, transparência e uma atuação mais ousada frente às políticas públicas que afectam estudantes. A eventual candidatura agita as bases, mas também levanta questões: conseguirá Lutambi manter a independência política que Teixeira tanto defendeu? Ou será empurrado para o jogo partidário que tenta capturar qualquer organização jovem com peso nacional?

 

Teixeira e “novos caminhos”: política no horizonte?

 

Embora não haja confirmação oficial, fontes internas garantem que Francisco Teixeira poderá estar a olhar para novos caminhos na arena política angolana. Se for verdade, a estratégia é inteligente: sai do MEA no auge da sua legitimidade, sem desgaste interno e com capital político suficiente para iniciar outro percurso — seja partidário, institucional ou cívico.

 

O MEA, por sua vez, enfrenta um momento crucial: manterá a autonomia que conquistou ou voltará a ser palco de disputas externas que historicamente minaram sua credibilidade?

 

2026 será um teste para o MEA — e para a juventude angolana

 

As eleições de fevereiro serão um divisor de águas. Não apenas para escolher novos rostos, mas para definir se o MEA continuará a ser a voz mais respeitada dos estudantes angolanos ou se ficará refém de lógicas de poder que nada têm a ver com a defesa dos interesses académicos.

 

A decisão de Francisco Teixeira abre uma oportunidade. Cabe ao MEA — e aos seus membros — provar que a mudança pode ser mais do que um discurso político: pode ser uma prática.

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