A lembrança da dimensão da vida humana é uma prática comum hoje, data que se celebra o Dia dos Finados. Nesta época, as campas e jazigos se tornam símbolos de quem os entes queridos foram. Porém, actualmente muitos destes espaços em Luanda têm sido vandalizados.
O Cemitério do Alto das Cruzes é um dos mais antigos da cidade capital e conta com mais de 100 jazigos e milhares de campas, a maioria em bom estado de conservação, pertencentes a famílias angolanas e portuguesas e de outras nacionalidades. Existentes há mais de 300 anos, e estão bem conservados.
As campas e jazigos, feitos de mármore e granito, são reparados pelos coveiros. No Alto das Cruzes estes espaços são limpos a cada seis meses. Na entrada do cemitério é possível ver caixões cobertos com lençóis brancos em alguns jazigos de família, com três a quatro membros sepultados no mesmo lugar.
Actualmente, o “campo santo” do Alto das Cruzes recebe pessoas de todas as partes do país e do estrangeiro que vêm fazer visitas, para reabilitar e limpar os lugares dos antepassados. A maioria das famílias proprietárias têm paciência de manter o espaço bem organizado, com o apoio dos funcionários que reparam, muitas vezes, campas desabadas e jazigos com fissuras.
Rosa Ferreira Baptista, de 68 anos, disse que a família tem um jazigo e duas campas desde o tempo colonial. “Tenho enterrado neste lugar alguns parentes directos”, disse, além de explicar que tem dois irmãos a cuidarem do espaço.
Falta de manutenção
No Cemitério da Mulemba, vulgo 14, o cenário é diferente. Várias campas estão em mau estado de conservação, por falta de manutenção pelos familiares. Os trabalhadores dizem não saber que tratamento a dar, por não terem contactos com os proprietários. Neste “campo santo”, apenas dois jazigos estão bem conservados. O chefe da manutenção e património do cemitério, Zeferino Firmino, disse que a danificação das campas é devido à ignorância de certas famílias, que só dão o devido tratamento às campas dos entes queridos nos primeiros meses depois do sepultamento.
“Algumas famílias depois do enterro já não visitam as campas. Muitas vezes temos de ser nós a dar o devido tratamento a algumas. Mas com a supervisão dos proprietários seria melhor. Estas pessoas usam uma campa provisória e pensam que depois da montagem não é responsabilidade delas cuidarem do local”, explicou.
Homenagem aos familiares
O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, esteve, na manhã de ontem, no Cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, para prestar homenagem aos entes queridos. Na ocasião, o ministro considerou o Dia dos Finados como a data ideal para fazer referência aos momentos vividos ao lado dos antepassados e todos que já morreram. “Todos lembramos de quem já partiu. Neste dia, a lembrança de algum parente próximo nos vem sempre à memória, em especial as lembranças dos momentos vividos juntos”.