VENCER OBSTÁCULOS PARA CHEGAR AO SANTUÁRIO DA MUXIMA

Mais do que petições, Muxima tem sido um lugar para onde convergem muitos corações agradecidos pelas bênçãos recebidas Todos os dias há gente prostrada, há gente aos choros, tal como Maria Madalena que lavou os pés de Jesus com as suas lágrimas…

 

O Santuário da Muxima é, há muitos anos, um depósito de esperanças para onde converge de domingo a domingo uma romaria de fiéis movidos pela fé de que Maria, que é Mamã Muxima, que é Nossa Senhora dos Remédios, que é Nossa Senhora das Lágrimas, que é Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, que é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que é Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que é Nossa Senhora das Graças, que é Nossa Senhora de Fátima, e tudo o mais que tem que ver com Nossa Senhora, pode  interceder junto do Filho, o único mediador diante de Deus, para a concessão de uma graça.

 

E a peregrinação anual ao santuário da Mamã Muxima manifesta-se como o apogeu da reunião de milhares de súplicas, de todas as súplicas que brotam de corações feridos, de almas amarguradas e sofridas que depositam no coração de Maria.

 

Mamã Muxima tem sido a solução não só para os católicos, mas para fiéis de muitas outras religiões que se atiram contra a Igreja Católica por conta das imagens que se encontram no seu interior.

 

Todos os dias há gente prostrada, há gente aos choros, tal como Maria Madalena que lavou os pés de Jesus com as suas lágrimas, para obtenção da graça de um filho tão desejado; para um casamento que tarda diante do aproximar dos anos da velhice; para o emprego que se vê difícil, ou para se curar a doença que durante anos não se consegue uma solução.

 

Mais do que petições, Muxima tem sido um lugar para onde convergem muitos corações agradecidos pelas bênçãos recebidas.

 

Foi o caso de Cláudio Silva, um jovem músico e gestor natural do Cazenga e que vive na África do Sul faz vinte anos.

 

Cláudio atribui à Mamã Muxima a graça de ter podido ir viver na África do Sul, onde encontrou trabalho, razão por que participa, há dez anos, nas peregrinações ao santuário localizado no coração da Quiçama. E fá-lo durante as férias profissionais.

 

Este ano, Cláudio Silva decidiu começar a sua romaria por estrada. Foram três dias de carro da África do Sul a Luanda, passando pela Namíbia. Para ele, tratou-se de “um sacrifício necessário, de comprometimento com a própria vida e com Muxima”. Hoje ele é o que é “graças a Mamã Muxima”, revela.

 

Contrariamente aos outros anos, o jovem Cláudio Silva decidiu vir à peregrinação sem a família “porque precisava conhecer a rota toda, e só depois colocar a família na aventura que é muito maravilhosa”.

 

Actualmente, com dupla nacionalidade, o também músico revela que todos os anos sai de Luanda com “uma energia positiva, com uma boa nova, com coisas boas para os filhos, por ter estado num lugar maravilhoso”. E este ano não fez petições, pois não era sua intenção. “Apenas agradecer” por considerar que a sua vida “tem sido uma vitória constante em função da Mamã Muxima, das orações” e do seu comprometimento com Deus.

 

Grato pelas coisas boas

 

Agradecer pelas coisas boas e pelas más é o que decidiu também fazer o devoto Serra Bango, este ano, para quem “todo o filho busca sempre o amor da mãe, que é um amor incondicional”, sem igual, porquanto é considerado maior que todos, um amor “que não se compra, não se paga e a mãe não cobra nada, é incondicional”.

 

Sempre que possível, Serra Bango vai de carro com a família ao Santuário. Mas, para a peregrinação, decidiu fazer uma caminhada de mais de cem quilómetros, em companhia do seu compadre Wilson Luís que frequenta o Santuário desde 1999, levado pelo pai quando criança. E desde então as idas de Wilson à Muxima passaram, até aos dias de hoje, a ser uma constante. Este ano, Wilson Luís teve todos os motivos para ir à Muxima: para agradecer por ser atendido nas suas preces com a graça da cura de uma doença que o acometia e fazia-lhe crer que já não viveria. “Estava mais daquele lado do que desse, mas com a intercessão da Mamã Muxima fiquei curado e de maneira a agradecer fiz esse compromisso”. Foi um sacrifício que durou três dias.

 

Segundo Wilson Luís, a caminhada até à Muxima foi possível “porque estavam preparados física e espiritualmente” e tinham a certeza da companhia da Mãe que iam venerar durante a peregrinação.

 

De quarta até sexta-feira, altura em que chegaram à Muxima, fizeram paragens estratégicas. No primeiro dia pernoitaram em Catete, na quinta-feira dormiram na Paróquia de Santa Teresinha, na Cabala. Tratou-se de um momento de catarse, como conta Serra Bango, para quem “o cansaço físico suplanta-se com o prazer de se estar no Santuário, no encontro com a Mamã, num espaço de meditação e de recolhimento, sobretudo de agradecimento”.

 

Ainda segundo Serra Bango, “o cansaço só se sente quando não se tem um propósito, quando não se está disposto a sacrifícios”. Por isso, para os dois compadres, moradores do Kilamba, “tudo se tornou tão natural”, porquanto “a dimensão espiritual é suficientemente forte para ultrapassar o momento do cansaço próprio da dimensão humana”, salientou Serra Bango.

 

Foi uma caminhada cuja alimentação era à base de água e bolacha.

 

“Ao longo do percurso, sobretudo na Cabala, as pessoas ofereciam fruta, principalmente mamão”, mas à determinada altura passaram a negar “porque era muito peso” e já haviam “comido bastante mamão.  Dois a três mamões eram suficientes para retemperar a energia”, sublinhou Serra Bango.

 

A experiência, segundo Wilson Luís, vai repetir-se no próximo ano, “havendo já pessoas interessadas em juntar-se nessa caminhada à pé”.

Fonte: António Capapa – Jornalista

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