PRESIDENTE DO BLOCO DEMOCRÁTICO AUSENTE DE ANGOLA E CANCELA TOMADA DE POSSE DA NOVA DIRECÇÃO DO PARTIDO.

 

O presidente do Bloco Democrático (BD), Filomeno Vieira Lopes, encontra-se ausente do país e decidiu, de forma inesperada, cancelar a cerimónia de tomada de posse da nova direcção do partido, inicialmente agendada para esta terça-feira em Luanda. A decisão apanhou membros e apoiantes de surpresa e levanta questões sobre eventuais tensões internas e desafios estratégicos no seio da oposição angolana.

 

Segundo apurou o Jornal Apostolado, a ausência do líder partidário não foi comunicada formalmente aos órgãos internos com antecedência, o que provocou mal-estar entre membros da nova direcção, eleita no último congresso extraordinário do partido realizado em setembro. Fontes próximas da liderança afirmam que Filomeno Vieira Lopes viajou para a Europa há cerca de duas semanas, alegadamente por motivos de saúde, embora essa informação não tenha sido confirmada oficialmente pelo secretariado do BD.

 

“Fomos informados do cancelamento por mensagem na véspera. Ninguém esperava uma decisão dessas sem qualquer justificação formal nem previsão de nova data”, revelou um membro do Conselho Nacional do partido, sob anonimato, temendo retaliações internas.

 

A nova direcção do BD, que inclui jovens quadros e militantes veteranos, foi eleita com promessas de renovação interna, maior diálogo com a sociedade civil e uma reaproximação estratégica à Frente Patriótica Unida (FPU). A suspensão da cerimónia pode atrasar esse plano de reestruturação e comprometer a confiança da base militante.

 

Analistas políticos ouvidos pelo Jornal Apostolado consideram que o episódio reflete uma possível crise de liderança ou disputas internas quanto ao futuro do partido. “É difícil justificar o cancelamento de um acto político dessa importância sem qualquer comunicação pública. O timing e o silêncio da direcção nacional indicam, no mínimo, desorganização, ou no máximo, uma crise de legitimidade”, avalia o cientista político Armando Chivela.

 

O Bloco Democrático, fundado em 2010, tem desempenhado um papel significativo na oposição angolana, sendo parte fundamental da coligação que concorreu contra o MPLA nas eleições de 2022. Contudo, desde então, tem enfrentado dificuldades em manter uma estrutura coesa e uma liderança consensual.

 

Contactado por nossa equipa, um membro sénior do Bloco Democrático, limitou-se a informar que “o presidente se pronunciará oportunamente” e que a direcção nacional está a “avaliar a melhor forma de reagendar a cerimónia”.

 

Enquanto isso, cresce o desconforto dentro das estruturas provinciais do partido, com alguns militantes a sugerirem a convocação de uma reunião de emergência para discutir o futuro da liderança e evitar uma possível fragmentação do Bloco Democrático. 

Repórter Siona Júnior

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