As felicitações às Pérolas ouviram-se em todas as línguas, mas deu mais prazer quando foram feitas em francês, de Paris, cidade onde, sábado, a nossa Selecção Feminina de Andebol se apurou ao representar África nos Jogos Olímpicos de 2024.
As comandadas de Vivaldo Eduardo tornaram fácil o que parecia difícil, nos primeiros minutos de jogo. A priori sabia-se que jamais as Pérolas cederiam pontos diante de uma selecção que vencem há oito anos, com diferenças superiores a 10 golos, até à própria casa destas.
No entanto, em campo, as coisas começaram equiparadas. Angola entrou bem, tal como as adversárias. Ambas as selecções dividiam o processo ofensivo.
Contudo, o “pacto” durou até ao minuto cinco, quando o desafio estava empatado a quatro golos. Daí em diante, as pupilas de Vivaldo Eduardo aumentaram a intensidade de jogo e marcaram golos, uns atrás de outros. Aos 10 minutos o resultado estava em 9-5.
O seleccionador nacional pediu um “time-out”, aos 15 minutos, quando as coisas ficavam difíceis, já que o placar mostrava uma aproximação perigosa das camaronesas, 11-8.
Angola reagiu e devolveu tranquilidade ao treinador. Azenaide Carlos, Albertina Cassoma, Stélvia Pascoal, estavam “ao rubro” e levaram o marcador a 16-9, ao intervalo.
Com sete golos de vantagem, Angola foi ao intervalo sob uma almofada de aplausos dos quase 6 mil adeptos presentes na sala quadrangular do Arena do Kilamba.
Na volta à quadra, ficámos sem saber o que se passava com as Pérolas. Ansiosas, as jogadoras quebraram o ritmo e só se refizeram seis minutos depois do reinício. Falharam pelo meio sete ataques.
O tempo sem marcar, abriu “feridas”. As camaronesas, comandadas por Paola Ebanga, 7 golos, aproveitaram a letargia das angolanas e construíram um parcial de 3-1.
Aos 49 minutos as adversárias levantaram nova preocupação, quando chegaram a 21-19 e obrigaram a novo desconto de tempo de Vivaldo Eduardo.
Com a lição da primeira parte bem estudada, as adversárias já não se deixaram bater tanto. Aguentaram a segunda parte com parcial de 12-11. Depois de cinco jogos com derrotas expressivas de 10 ou mais golos, as camaronesas conseguiram encurtar para cinco, os números da vitória angolana.
A luta na quadra continuou e a vitória foi angolana. A ponta Chélcia Gabriel foi eleita MVP da partida.
FICHA TÉCNICA
Pavilhão Arena do Kilamba
Arbitragem: Youcef Khiri/Hamidi Sid (Argélia)
ANGOLA
12 -Aminata Kanka
1- Marta Alberto
7- Dolores do Rosário (2)
10 – Albertina Cassoma (3)
15 – Estefánia Venâncio
25 – Liliana Venâncio (1)
35- Azenaide Carlos (2)
6 – Juliana Machado (1)
10 – Dolores do Rosário
11 – Marilha Quizelete (1)
20 – Stélvia Pascoal (5)
90– Isabel Guialo (1)
9 – Natália Bernardo (7)
4 – Nairia Caquintas
11- Chélcia Gabriel (1)
8 – Helena Paulo (3)
TREINADOR: Vivaldo Eduardo
CAMARÕES
1 – Noelle Mbelle
2 – Nnomo Sonia (1)
3 – Ateba Leatitia (5)
4 – Kongnyuy Sifan
5 – Kaldjob Odette
6 – Haqua Issa
8 – Nyamsi Vicky (2)
9 – Eyenga Claudia
10 – Ngouoko Celeste
11 – Adibone Stephane
13 – Touba Biyolo (2)
14 – Ebanga Paola (6)
15 – Mbouchou Mandop
16 – Balana Paule
17 – Manga Benedicte (1)
18 – Vanessa Pasma (5)
TREINADOR: Njantou Bertin
DECLARAÇÕES
Nelson Catito, adjunto angolano
“Considero positiva a nossa participação”
O seleccionador-adjunto de Angola, Nelson Catito, elogiou a entrega das jogadoras na vitória sobre os Camarões, por 27-21, em partida da última jornada do Torneio Pré-Olímpico de Andebol, que garantiu a presença das Pérolas nos Jogos Olímpicos Paris-2024.
“Felicito as minhas jogadoras, pela atitude e comportamento que tiveram na abordagem do jogo. Estamos bem e vamos continuar a trabalhar. A oitava qualificação aos Jogos Olímpicos é fruto de muito sacrifício dos membros da equipa técnica, da federação e das jogadoras”, sublinhou.
“Considero positiva a nossa participação neste evento, não só pelas vitórias que tivemos, mas pela forma que as jogadoras se entregaram e pelo elevado grau de profissionalismo que as bravas guerreiras tiveram durante a competição “, elogiou.
Njantou Bertin, seleccionador camaronês
“Vamos continuar a trabalhar”
O seleccionador camaronês, Njantou Bertin, reconheceu a qualidade das adversárias, mas realçou que a sua selecção teve boa postura durante a competição.
“Jogámos bem, pois sabíamos que estaríamos diante de uma grande selecção e que mostrou isso mesmo na quadra. Vamos continuar a trabalhar, apesar do nosso objectivo ter falhado. Agora vamos pensar no Campeonato do Mundo “, disse.
CLASSIFICAÇÃO
Angola-6
Camarões-3
Senegal-2
Congo-1
Belezura elogia postura do grupo
A antiga jogadora da Selecção Nacional de Andebol, Isabel Fernandes, mais conhecida por Belezura, elogiou o trabalho desempenhado pelas Pérolas que culminou no apuramento aos Jogos Olímpicos Paris-2024.
Em conversa com o Jornal de Angola, a ex-ponta direita da Selecção Nacional mostrou-se orgulhosa com as representantes que, na sua opinião, têm sabido dar continuidade ao trabalho feito na sua época.
“Estou muito feliz com o trabalho das nossas meninas. Estão com um bom ritmo competitivo e a jogar bem. É certo que a ansiedade acusou um pouco nos primeiros jogos, o que é perfeitamente normal, mas, no geral, estão a saber representar o país e com dignidade. Esta é a oitava qualificação consecutiva, um feito que não se alcança com facilidade. Mostra que passamos bem o legado”, disse.
Belezura representou a Selecção Nacional por muitos anos, tanto em competições africanas quanto mundiais, ao lado de figuras como Ilda Bengue, Marcelina Kiala, Felimena Trindade, Luísa Kiala e Bombo Kalambula.